O Boneco de Mabel

            Ele encarou-a com neutralidade. Pairava certo orgulho ao seu redor como se ele fosse mais importante do que todo o lixo que o engolia. Trazia um sorriso irônico no rosto de pano de uma felicidade falsa. E tinha marcas de uma vida longa e sofrida.

            Ela olhou-o a princípio com indiferença como se ele fosse só mais um lixo em todo aquele monte. Mas havia algo nele que a incomodou e fez com que ela olhasse de novo, e de novo. Parecia fazê-la acreditar que ele não era tão insignificante como aparentava.

            Mabel se aproximou tropeçando em algumas sucatas e parou relutante. Ele possuía um buraco no meio da testa. Lembrou-se de seu irmão depois dele ter levado aquele tiro. Lembrou-se do som da arma disparando contra o menino de seis anos. Lembrou-se dele caindo no chão imóvel como um boneco.

            Mas era apenas um boneco. Com seu pano já encardido, um dos olhos arrancados, a roupa rasgada. Não era um boneco qualquer. Era um boneco abandonado que agora se perdera em todo aquele monte de lixo. Jamais voltaria ser o que era antes. Não existia mais vida dentro dele.

            Porém, não era isso o que ele mostrava. O boneco estava dizendo para ela que não era o fim. Mabel viu esperança nele, viu seu próprio irmão. Ela o carregou como fazia antes e acariciou seus cabelos.

            -- Esta tudo bem agora, Lu. Vou te levar para casa.

            O boneco fecha seu único olho e sorri. 

O Sino e a Velha

Em um grande e antigo apartamento numa cidade qualquer vivia uma velha, já no seu fim de vida, e uma enfermeira, que cuidava dela. Toda vez que a velha precisava de ajuda ela tocava um sino que ficava pendurado na porta de seu quarto e a enfermeira vinha socorrê-la.

Um certo dia, a velha começou a sentir fortes dores no peito e com muita dificuldade foi até o sino e o tocou 5 vezes antes de cair morta no chão. A enfermeira não conseguiu salvá-la e a velha acabou morrendo de ataque cardíaco.

O apartamento foi desocupado e vendido para outra família. A única coisa que restou foi o antigo sino na porta do quarto. E mesmo depois de anos da morte da velha, no meio da noite, sem haver nenhuma corrente de ar no quarto, o sino ainda toca de vez em quando. Toca sempre 5 vezes como se a velha ainda estivesse ali, pedindo socorro. E então só resta o silêncio.

Filme: O Óleo de Lorenzo

Tudo começou com uma simples aula de biologia sobre... nem lembro mais. Enfim, meu professor indicou o filme o Óleo de Lorenzo para que aqueles que gostam de drama vissem em casa. Como é um gênero que eu aprecio bastante decide alugar o tão famoso e dramático filme. E realmente, não me arrependi. 

A trama conta a história real de um menino de seis anos, Lorenzo, que vivia uma vida normal até começar a sofrer distúrbios mentais e ser diagnosticado com ALD, uma doença extremamente rara e incurável que degenera o cérebro devido ao acúmulo de gorduras saturadas, levando a vítima à morte em, no máximo, 2 anos. Frustrados com a incerteza dos médicos e a falta de progresso do tratamento que o garoto é submetido, os pais decidem estudar sobre a doença para tentar deter o seu avanço.

 O filme retrata de maneira emotiva e sensível o sofrimento da criança e principalmente dos pais ao verem seu filho naquele estado, mostrando o avanço assustador da doença, as cenas fortes dos ataques epiléticos e os momentos dolorosos que a família vive desde então. Mas em meio a tanta desesperança e dor, os pais conseguem se unir e se reerguer por meio da força de vontade de tentarem salvar Lorenzo de seu predestinado fim. Dessa forma, a história se compõe de várias reviravoltas, de momentos esperançosos e outros nem tanto, mas sempre retratando de maneira realista a luta contra uma doença incurável.

É um filme que recomendo para todos e que toda a força de vontade dos pais e de Lorenzo sirvam de lição para muita gente por ai que também sofre com alguma doença complicada.

                                                                                            Alê   

Olá! Aqui estou eu retornando do além para postar novamente neste mausoléu que este blog se tornou. Nestes dois anos em que estive fora muita coisa aconteceu e acabei passando por muitas transformações. Acredito eu. Enfim, decidi mudar também o estilo do meu blog para algo mais interativo e menos crítico, como era antes. Tentarei postar sobre vários temas, falar sobre várias coisas diferentes e fazer algo mais bacana, sei lá. Quero que os leitores tenham uma maior participação no blog. Vou tentar passar o que sei para vocês e quero poder aprender também o que vocês sabem. Algo assim. É isso, vamos tentar né.